Em meados dos anos 2000, Antônio Santos Silva, baiano, criado em São Paulo, porém radicado no estado do Rio Grande do Sul, decidiu que deveria adquirir alguns cavalos, para compor o lazer dos seus finais de semana. Tendo em vista o regulamento da região onde ele se arraigou, com a calorosa tradição gaúcha, os primeiros contatos que ele teve foi com animais provenientes da raça Crioula.
Ainda que o Crioulo fosse uma raça bela, consagrada por sua rusticidade, pelo temperamento de sela e pela aptidão funcional, sabe-se que, para quem objetiva realizar cavalgadas e passeios, como era o caso de Antônio, aquela não seria a mais ideal das raças. Pensando nisso, um amigo, diante do seu entusiasmo, teve a felicidade de apresentá-lo ao criador Marcelo Fleck, conceituado selecionador de marchador, estabelecido em Novo Hamburgo/RS.
Em visita realizada ao Haras Textor, Antônio adquiriu, inicialmente seis animais deste haras. Posteriormente, com um retorno positivo dos seus amigos companheiros de cavalgadas, outros cavalos da raça foram comprados, também visando o lazer.
Após atingir uma marca significativa de animais, já arrebatado pelas boas experiências que a sua mais nova atividade estava a lhe proporcionar, Antônio decidiu produzir os seus próprios marchadores. A partir de então, os novos arremates passaram a ser direcionados para animais de qualidade superior, visando à participação em competições e à formação de uma base consistente para o seu futuro plantel, surgindo assim o Haras Figueira.
Quanto às suas primeiras aquisições, uma fêmea tordilha destacava-se em meio às demais éguas, por ser extremamente expressiva e vigorosamente marchadeira: Quixote Lucila, uma filha do Favacho Quociente x Laglória Faradiba. Ela, já de propriedade do Haras Figueira, sagrou-se Res Campeã Nacional Égua Jovem, Campeã Nacional Égua Jovem de Marcha e Campeã Brasileira de Marcha Égua Jovem, em Belo Horizonte/MG, no ano de 2004. Por causa desse fato, completamente realizado e empolgado pela conquista de três títulos nacionais, o mais novo criatório gaúcho decidiu que deveria ingressar de vez no universo das competições, contratando mão de obra qualificada e formando uma estrutura que favorecia o seu crescimento, apoiado sobre os sábios conselhos do renomado guru, Aloysio Miana Cid, carinhosamente conhecido como Luquinha.
Por intermédio do Luquinha, que rapidamente se tornaria um amigo da mais nobre estima da família Figueira, Antônio pôde adquirir com maior segurança e convicção animais que de fato poderiam contribuir para o melhoramento da sua seleção. Naquele período, o afamado ex-árbitro da Associação Brasileira prestava assessoria a inúmeros rebanhos de renome nacional, o que favoreceu o intercâmbio de conhecimento e a aquisição de bons animais pelo Haras Figueira.
Assim, adquiriu algumas doadoras que formaram a base do plantel figueira; Meia Lua MUG (Tigrão Kafé x Ressaca L.J.), Elite Meus Amores (Sublime da Ogar x Novela Kafé), Luma do Cartel (Tigrão Kafé x Derivada do Cartel), Jangada da Selva Morena (Beijo JB x Juventude da Selva Morena), Sevilha da Selva Morena (Quebec R x Salamanca da Selva Morena), Gaúcha Traituba JF (Beijo JB x Traituba Jiga) e Gazeta do Expoente (Sublime da Ogar x Dhara do Expoente) entre outras.
Paralelamente, no criatório de Amos José Packer, Haras Morro Azul, foram selecionados dois machos para que fossem utilizados amplamente nas matrizes do Haras Figueira. De antemão, Antônio adquiriu um jovem potro castanho, Monarca do Morro Azul (Veleiro L.J. x Harmonia do Brumado), que, sob a sua propriedade, consagrou-se Res. Grande Campeão Nacional Jovem da Raça, em Belo Horizonte/MG, no ano de 2008. Posteriormente, foi também anexado à criação o garanhão Koliseu do Morro Azul (Festival da Ogar x Luma J.T.M.), Campeão Nacional Potro Master, em Belo Horizonte/MG, no ano de 2006, e 1º Prêmio Nacional Cavalo Adulto, em Belo Horizonte/MG, no ano de 2008.
Em 2010, objetivando dar prosseguimento às suas campanhas como expositor, Antônio Santos Silva optou por levar para o Haras Figueira dois dos melhores animais produzidos pelo criador, e amigo, Clóvis Fernando dos Santos. Àquela época, Clóvis, titular do Haras Expoente, já consagrado criador da raça, era conhecido pela vitoriosa carreira que os seus animais desempenhavam em competições nacionais.
Os produtos em questão, escolhidos por Antônio, eram uma dupla composta por dois filhos de Trilho da Zizica, que despontava nas principais exposições do país como fortes competidores e, certamente, agregariam com louvor ao time de animais orquestrado pelo Haras Figueira: Galante do Expoente (por Única Kafé), detentor do título de Reservado Campeão Nacional Cavalo Jovem Maior de Marcha, em Belo Horizonte/MG, no ano de 2009, e a égua Flor do Expoente (por Fanfarra Bavária).
Contudo, com a vinda dos dois filhos de Trilho da Zizica ao Haras Figueira e o início de preparação para as competições, o que deveria limitar-se a uma relação de arrendamento se estendeu à profunda admiração pelos animais, fazendo com que Antônio se tornasse decidido a tornar-se proprietário dos dois animais recém-chegados ao seu criatório. Em abril daquele mesmo ano, com o apoio de Jefferson Mattos, categórico aliado que já assessorava a sua seleção, o Haras Figueira adquiriu 50% das cotas de Galante do Expoente, juntamente com a Flor do Expoente, incorporando ao lote também a belíssima Galiléia do Expoente (Trilho da Zizica x Única Kafé).
Antônio e Jefferson, confiantes nas novas aquisições, sabiam que, a partir de então, um novo capítulo seria acrescentado à história do Haras Figueira. Entretanto, nem mesmo os mais otimistas poderiam mensurar o esplendor que a eles estava reservado.
“O pedido do Antônio era de que nós adquiríssemos um cavalo competitivo, mas que pudesse servir também à reprodução. Já que nós já conhecíamos muito bem a Única Kafé e respeitávamos a sua ascendência, por ela ser filha do Palhaço de Ituverava, além de conhecermos e admirarmos a genética de Trilho da Zizica e a sua história, nós tínhamos em mente que o Galante do Expoente possuía muito potencial para tornar-se um bom garanhão.”, relata Jefferson Mattos.
No Haras Figueira, sendo trabalhado por Sid, Galante jamais retornou para o seu criatório sem conquistar um campeonato como campeão. Assim, desempenhando uma carreira ascendente, obteve, em 2010, os títulos de Campeão Nacional Cavalo Sênior Maior de Categoria e Campeão Nacional de Marcha Cavalo Sênior Maior, em Belo Horizonte/MG.
Dada a sintonia estabelecida entre peão e cavaleiro, Galante nunca deixou de ser apresentado por Sid. No ano seguinte, decididos a conquistar o título máximo da raça, o conjunto desempenhou duas memoráveis provas, arrebatando de vez os títulos de Campeão Nacional Cavalo Sênior Maior de Categoria, Campeão Nacional de Marcha Cavalo Sênior Maior e Campeão dos Campeões Nacional de Marcha, em 2011 – a glória máxima reservada a um Mangalarga Marchador.
Concluída com maestria a primeira missão, restava a Galante do Expoente reafirmar o seu compromisso com aqueles que mais esperança deram ao seu potencial e legar aos seus plantéis indivíduos que fossem, semelhantemente a ele, detentores de nobre beleza e andamento primoroso. Naquele mesmo ano, na cidade de Ubá/MG, o Haras Bavária já começava a colher frutos de uma escolha certeira, representada por empregar o Galante em todas as suas doadoras, sem exceção.
Ao final de 2011, no solo fértil do Haras Figueira, germinaram os primeiros produtos de Galante no extremo Sul do país. Bastava ao lendário alazão ter como seu aliado o tempo, pois a sua semente já estava fixada no cerne do Mangalarga Marchador.
“Já na primeira safra de filhos do Galante nascidos no Haras Bavária e no Haras Figueira, nós pudemos ter a dimensão de que ali iniciava a bela história de um grande cavalo, que estava prestes a se tornar um reprodutor consagrado. Em ambos os criatórios, a qualidade apresentada pelos produtos foi muito parelha, homogênea e nivelada por cima”, afirma Jefferson Mattos, que acompanhou de perto o início da trajetória de Galante do Expoente na reprodução.
“O Galante tornou-se para nós algo muito maior do que um simples cavalo. Fizemos dele um projeto, por acreditar no seu potencial. Assim, nós partimos em busca da aquisição de doadoras consagradas, de modo que não faltassem subsídios para obter do reprodutor o que ele poderia ofertar de melhor.”, afirma Antônio Santos Silva.
Somente no primeiro ano de utilização do reprodutor, Antônio conseguiu de Galante quatro animais, os quais, posteriormente, seriam premiados com títulos nacionais, sendo eles: Imburana da Figueira, Ipiranga Da Figueira. Irlandês da Figueira, Itu da Figueira
Posteriormente, ele produziria no Haras Figueira mais outros onze Campeões Nacionais; Abiara da Figueira, Jasa da Figueira, Jogatina da Figueira, Leleco da Figueira, Liska da Figueira, Louvado da Figueira, Ogar da Figueira Onassis da Figueira, Opalina da Figueira
Além desses, em dezembro de 2013, proveniente da doadora Laís do Minatto, uma filha da inesquecível Onda Dourado SM, Campeã das Campeãs Nacional de Marcha, em Belo Horizonte/MG, no ano 2000, nasceu um belo potrinho castanho, calçado nos quatro membros e de frente aberta, designado a seguir pelos mesmos caminhos trilhados por seu pai e a sua avó materna nas competições: Lúcido da Figueira.
Ainda potro, o jovem Lúcido não fez questão de esconder de quem quer que fosse as suas virtudes, tornando-se rapidamente um dos mais quistos potros a nascer naquela estação. Tal primazia, dois anos mais tarde, seria justificada pela conquista do cobiçado título de Grande Campeão Nacional Jovem da Raça, em Belo Horizonte/MG, no ano de 2015.
Não bastando isso e seguindo a máxima de que o bom cavalo se confirma de fato quando montado, Lúcido da Figueira desempenhou uma carreira majestosa, a ponto de conquistar, em apenas dois anos, mais seis títulos nacionais, logrando a consagração máxima ao alcançar os prêmios de Campeão dos Campeões Brasileiro de Marcha, em Caxambu/MG, no ano de 2017, e Grande Campeão Nacional da Raça, em Belo Horizonte/MG, no ano seguinte.
Concomitantemente, o Haras Figueira prosseguiu na busca pela aquisição de outros animais que pudessem somar qualidades e contribuir ainda mais para o aprimoramento do seu plantel. Nesse sentido, passaram a integrar o time do Haras Figueira Forró do Aro (Catiço Caríbia x Bailarina Ribeiro), Grande Campeão Nacional da Raça, em Belo Horizonte/MG, no ano de 2016, escolhido para ser utilizado nas filhas de Galante do Expoente, além do Palhaço Porteira Azul (Estanho de Alcatéia x Quixara Elfar), Bicampeão dos Campeões Nacional Jovem de Marcha, em Belo Horizonte, nos anos de 2016 e 2017; Teatro Morro Grande da Zizica (Teorema Morro Grande da Zizica x Copa Morro Grande da Zizica); Neon do Minatto (Extrato do Minatto x Espadilha J.B.); e Juventus Caxambuense (Delete Caxambuense x Xangrilá Caxambuense).
Ademais, algumas doadoras foram adquiridas, como por exemplo: Copa Morro Grande da Zizica, D.Defesa do Éden, Faradhiba Caxambuense, Floresta do Aeroporto, Gueixa de Cabrália, Honda Caxambuense, Magia Cristal PVB, Naja do Salto, Preta da Santa Esmeralda, Sinirinha Alcântara, Vitória CF da Sercore e Xangrilá Caxambuense.
Reunir em um só plantel alguns dos melhores representantes da raça e munir o seu rebanho de animais detentores de genética consistente e consagrada não poderiam deixar de render a Antônio e à sua equipe consagrações diferentes daquelas conquistadas nos últimos anos. Acasalando o que há de melhor entre si, o Haras Figueira obteve por três anos consecutivos o título de Melhor Criador Não Expositor da Exposição Nacional do Mangalarga Marchador, em 2017, 2018 e 2019, o que atesta o contínuo compromisso em servir à raça com animais de qualidade superior.
A propósito, durante a última Exposição Nacional, o Haras Figueira conquistou dois dos principais títulos disputados na mais importante competição da raça, com dois produtos oriundos da sua seleção. Além da Opalina da Figueira, mencionada anteriormente, Ouro da Figueira, filho de Forró do Aro e neto materno de Galante do Expoente, sagrou-se Grande Campeão Nacional Jovem da Raça e Reservado Campeão dos Campeões Nacional de Marcha.
Atualmente, já aposentado das competições, Lúcido da Figueira é o reprodutor chefe do Haras Figueira, dividindo o dever de reprodução do plantel com o seu pai, Galante do Expoente, o qual segue produzindo campeões no rincão gaúcho, e com os outros reprodutores já citados. Ao jovem reprodutor e às suas valorosas irmãs foi confiada a missão de garantir o futuro da seleção do criatório, com a certeza de que a história de sucesso iniciada por Galante do Expoente deve continuar com muito êxito.