PELAGEM DOS EQUINOS: ACASALAMENTOS INDESEJÁVEIS | REVISTA RAÇA MARCHADOR

PELAGEM DOS EQUINOS: ACASALAMENTOS INDESEJÁVEIS

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PELAGEM DOS EQUINOS: ACASALAMENTOS INDESEJÁVEIS

PELAGEM DOS EQUINOS: ACASALAMENTOS INDESEJÁVEIS

A pelagem dos equinos tem grande influência na seleção de uma raça e apresenta importância direta na sua comercialização. No início da formação de um rebanho o criador mostra enorme interesse pela pelagem no momento da escolha de seus animais, deixando que o padrão fenotípico da coloração dos animais prevaleça em detrimento de sua conformação. Isso pode levar a perda no ganho genético das características funcionais, atrasando o melhoramento genético de seu criatório.

Portanto, é importante que o criador não tenha a pelagem como principal critério de seleção no trabalho de melhoramento de um rebanho equino, visando evitar seleção negativa para características ligadas à capacidade funcional e/ou eficiência reprodutiva do plantel.

Essa paixão do criador pela coloração da pelagem dos equinos ocorre porque essa espécie apresenta enorme variedade na tonalidade das pelagens, e isso interfere no valor comercial dos animais. O significativo número de genes envolvidos com a pelagem dos equinos proporciona uma infinidade de combinações que são responsáveis pelas diferentes variedades existentes classificação das pelagens dessa espécie (Figura 1 e 2) 

Rezende e Costa (2019) afirmaram que, apesar das inúmeras pelagens existentes na espécie equina, os melanócitos do cavalo só produzem duas colorações de pigmento: vermelho (alelo b) ou preto (alelo B). As demais tonalidades visualizadas na espécie (branca, amarela, rósea, marrom, cinza, malhadas, etc.) ocorrem pela combinação de um desses dois alelos (B e b), com os demais genes que podem estar presentes no genótipo do animal.

Existem diversas teorias explicando a forma de transmissão dos genes envolvidos com as pelagens dos equinos. A mais estudada é a da escola americana de Castle, que propõe um abecedário para designar esses genes (Figura 1). Nesse ABC proposto por Castle alguns genes têm ação bem conhecida, enquanto para outros tem-se apenas suspeita quanto ao seu modo de ação, sem nenhuma comprovação científica, e, muitos ainda tem ação desconhecida.

É importante lembrar que algumas combinações gênicas podem influenciar negativamente na capacidade funcional do animal. Por isso, nossa proposta ao escrever essa matéria em uma revista de ampla divulgação entre os criadores de equinos é orientar sobre a importância de se avaliar, antes do acasalamento, a genética das pelagens dos reprodutores escolhidos, a fim de se evitar o nascimento de potros que possam ter sua capacidade funcional afetada devido a combinação genica indesejável relacionada com as pelagens de seus pais.

As pelagens dos equinos podem ser classificadas em quatro categorias: simples e uniformes (Branca, Preta, Alazã), simples com crinas, cauda e extremidades pretas (Castanha, Baia), compostas (Tordilha, Rosilha, Lobuna) e conjugadas (Pampa, oveira, apalusa e persa). Cada uma dessas pelagens pode apresentar muitas variedades resultantes da presença dos alelos da série D (diluicion) e/ou E (extension) no genótipos dos animais. Esses alelos seriam responsáveis pela quantidade de pigmento produzido e/ou distribuição desses pigmentos pelo corpo do animal de forma uniforme ou não. Quando o alelo D, na sua forma heterozigota (Dd) ocorre no genótipo dos animais que estão produzindo o pigmento vermelho (b) ocorre redução na produção desse pigmento e os animais que deveriam ser vermelhos (alazões) nascem amarelos com a pele pigmentada (alazão amarilho - bbDd). Esse alelo tem efeito aditivo e se acontece na forma dominante homozigota (DD) no genótipo dos animais que produzem pigmento vermelho (b) a diluição é tão intensa que os potros já nascem Esses animais eram chamados de albinos ou gázeos. No entanto, de acordo com Rezende e Costa (2019) não existem cavalos albinos. Estes autores relataram que os albinos verdadeiros não produzem nenhum pigmento melânico e, nos equinos, sempre ocorre produção de, pelo menos, uma pequena quantidade de pigmento no corpo desses animais. Nas espécies que não produzem melanina, como por exemplo, os coelhos ou ratos, os olhos são vermelhos, pois, pela ausência de produção do pigmento melânico, é possível enxergar por transparência a coloração do sangue. Na espécie equina, os olhos sempre são coloridos e aqueles que apresentam a coloração da íris mais clara, ou seja, azulada ou amarelada (Figura 2) mostram ter deficiência e não ausência total da produção de melanina. Esses autores propuseram a denominação de Pseudo Albino para aqueles animais que apresentassem no padrão fenotípico de sua pelagem a quase totalidade de pele rósea (sem pigmentação: bbDD). Levando em consideração a genética do alelo D podemos afirmar que um acasalamento indesejável seria entre dois equinos com pelagem
alazã amarilha, já que nesse caso a chance de nascimento de potros Pseudo-Albinos seria de 25% (figura 4). brancos e apresentam a maior parte do corpo com a pele despigmentada (bbDD). Os animais que apresentam esse padrão fenotípico não são aceitos no registro genealógico da maioria das raças brasileiras pois são prejudicados na sua atividade funcional já que podem apresentar lesões de pele em virtude de queimaduras ocasionadas pela incidência da luz solar sobre as áreas sem pigmentação ou porque a falta de pigmentação
da pele favorece a ocorrência das pisaduras (lesões causadas pelo atrito da sela na pele sem a proteção do pigmento) e, também, porque normalmente, possuem íris azulada o que dificulta sua visão (Figura 3).

Esses animais eram chamados de albinos ou gázeos. No entanto, de acordo com Rezende e Costa (2019) não existem cavalos albinos. Estes autores relataram que os albinos verdadeiros não produzem nenhum pigmento melânico e, nos equinos, sempre ocorre produção de, pelo menos, uma pequena quantidade de pigmento no corpo desses animais. Nas espécies que não produzem melanina, como por exemplo, os coelhos ou ratos, os olhos são vermelhos, pois, pela ausência de produção do pigmento melânico, é possível enxergar por transparência a coloração do sangue. Na espécie equina, os olhos sempre são coloridos e aqueles que apresentam a coloração da íris mais clara, ou seja, azulada ou amarelada (Figura 2) mostram ter deficiência e não ausência total da produção de melanina. Esses autores propuseram a denominação de Pseudo Albino para aqueles animais que apresentassem no padrão fenotípico de sua pelagem a quase totalidade de pele rósea (sem pigmentação: bbDD). Levando em consideração a genética do alelo D podemos afirmar que um acasalamento indesejável seria entre dois equinos com pelagem alazã amarilha, já que nesse caso a chance de nascimento de potros Pseudo-Albinos seria de 25% (figura 4).

A pelagem baia é determinada pela presença do gene de diluição (D) no genótipo da pelagem castanha (CCB_A). Assim, o vermelho do castanho é diluído, tornando-se amarelo. O efeito aditivo do gene D faz com que essa tonalidade amarela seja mais clara ou mais escura, dependendo da ocorrência do gen D na forma homozigota (DD) ou heterozigota (Dd) (Figura 5). Esses genótipos caracterizarão as pelagens Baia Palha (CCB_A_DD) ou apenas Baia (CCB_ADd), respectivamente.

Os acasalamentos entre um animal baio com outro de pelagem baia ou do baio com um animal de pelagem alazã amarilha devem ser evitados pois também podem resultar no nascimento de produtos Pseudo-Albinos (bbDD) já que no genótipo dessas duas pelagens o alelo D está presente na forma dominante.

De acordo com Coelho (2006) os padrões das pelagens são características cruciais na seleção dos animais domésticos, sendo os das pelagens com manchas brancas (pampa) muito valorizadas em virtude de sua qualidade estética. Essas pelagens são chamadas de Pampa (P) ou Tobiana (To) e apresentam malhas bem definidas, com pele rósea e pelos brancos, que ocorrem por ação do alelo P (ou To), o qual pode ocorrer no genótipo de qualquer pelagem. Esse alelo tem efeito epistático, ou seja, sempre que estiver presente no genótipo do animal vai manifestar seu modo de ação, o que quer dizer que o animal Pampa terá obrigatoriamente, um de seus pais também de pelagem Pampa Na seleção para a pelagem Pampa deve -se procurar animais com maior percentual de áreas pigmentadas (Figura 6). Sendo importante evitar os acasalamentos entre 2 animais que apresentam grandes áreas despigmentadas (Figura 7), principalmente se estas malhas estiverem presentes na região superior (cernelha, dorso, lombo e garupa), já que, dessa forma os animais ficarão mais expostos à luz solar podendo sofrer eritema solar o que pode interferir na sua capacidade funcional.

Os animais que apresentam em seu genótipo o gene G, responsável pela pelagem tordilha, nascem com a pelagem que o restante do genótipo determina e gradativamente, com o avançar da idade, os pelos coloridos vão se tornando brancos.

Isso acontece em virtude do modo de ação do alelo G que atua impedindo a distribuição do pigmento produzido nos melanócitos para os pelos. Com isso, o pigmento que continua a ser produzido durante toda a vida do animal vai se acumulando dentro da célula e tende a migrar para as extremidades, o que é facilmente visualizado quando se observa em volta dos olhos, anus e prepúcio dos animais tordilhos. Essas regiões, com o avançar da idade dos animais, vão se tornando cada vez mais pigmentadas. Quanto mais branco estiver o tordilho, mais pigmento ficará acumulado dentro do melanócito e mais pigmentadas serão essas regiões. Em virtude desse clareamento progressivo, o animal tordilho durante sua vida, apresenta variações no seu padrão fenotípico (Figura 8). Essas variações são transitórias e modificam
à medida que aumenta a proporção de pelos brancos. Então, inicialmente, ele pode ser tordilho negro, depois escuro, claro  e finalmente tordilho ruço, quando os pelos brancos cobrem completamente todo o animal. Há também as variedades que ocorrem dependendo da pelagem que o animal nasceu. É o caso da pelagem tordilha cardã (apresenta reflexos avermelhados) e pedrês (aparecimento gradativo de tufos de pelos vermelhos que ficam espalhados sobre o fundo branco da pelagem). Essas duas variedades ocorrem nos animais que nascem com pelagem que apresenta pelos vermelhos (castanha, alazã ou rosilha).

O gene da pelagem tordilha tem condição de epistasia o que quer dizer que, sempre que estiver presente no genótipo do animal, vai manifestar seu modo de ação. Essa constatação nos dá a certeza de que sempre que um animal for tordilho um de seus pais também será de pelagem tordilha. Outra característica do alelo G é seu efeito aditivo, o que faz com que os animais com genótipo GG tenham clareamento mais cedo e mais rápido do que aqueles que são Gg. Os equinos que apresentam o GG no genótipo começam a acumular pigmento dentro dos melanócitos mais cedo o que os predispõe a uma patologia denominada Melanose (Figura 9), em virtude do acúmulo precoce de pigmento nas extremidades.  

Para evitar a ocorrência de melanose, o criador deve ficar atento ao clareamento precoce dos animais em um rebanho de tordilhos e, sempre que isso acontecer, deve usar no rebanho um reprodutor com uma pelagem firme. Dessa forma todos os produtos nascerão com o genótipo Gg, o que levará a um clareamento lento, reduzindo a possibilidade de ocorrência da melanose.