MEDIDAS MORFOMÉTRICAS DE EQUINOS DA RAÇA MANGALARGA MARCHADOR: | REVISTA RAÇA MARCHADOR

MEDIDAS MORFOMÉTRICAS DE EQUINOS DA RAÇA MANGALARGA MARCHADOR:

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MEDIDAS MORFOMÉTRICAS DE EQUINOS DA RAÇA MANGALARGA MARCHADOR:

MEDIDAS MORFOMÉTRICAS DE EQUINOS DA RAÇA MANGALARGA MARCHADOR:

revisão de literatura - Ano 2012

RESUMO

O presente estudo visou realizar revisão de literatura sobre a importância de medidas morfométricas em equinos da raça Mangalarga Marchador. Foram avaliadas: alturas de cernelha e garupa; comprimentos do corpo, da cabeça, do pescoço, do dorso-lombo, da garupa, da espádua; perímetros de tórax e canela anterior; angulações escápulo-solo, escápulo-umeral, úmero-radial, metacarpofalangena e metatarso-falangeana de equinos adultos da mesma raça. Para tanto, realizou-se um estudo descritivo do tipo revisão sistemática, onde as maiores variações de medidas foram observadas nas angulações dos membros. Sabe-se que equinos da raça Mangalarga Marchador apresentaram uma tendência ao aumento de algumas medidas lineares ao longo de sua evolução, principalmente altura de cernelha e garupa, comprimento corporal e de garupa. Os machos da raça apresentaram altura de cernelha abaixo da considerada ideal pelo padrão racial, no momento do registro definitivo, enquanto as fêmeas adultas, principalmente as campeãs, apresentaram altura de cernelha acima da considerada ideal.

PALAVRAS-CHAVES: Morfometria. Angulações. Equinos.

MORPHOMETRIC MEASURES OF RACEHORSES MANGALARGA MARCHADOR

literature review

ABSTRACT

This study aimed to perform a review of literature on the importance of morphometric measurements in horses Mangalarga Marchador. Were evaluated: height at withers and croup; lengths of body, head, neck, back, loin, croup, the shoulder, chest girth and cinnamon before; angles scapular-ground, scapular-humeral, humerus, radial, metacarpal-phalangeal-metatarsal and falangena of adult horses in the same race. Therefore, we performed a descriptive study systematic review, where the largest variations were observed in measures of angles of the limbs. It is known that horses Mangalarga Marchador tended to rise in some linear measurements throughout its evolution, especially croup and withers height, body length and rump. Males breed presented withers height below the standard considered ideal by racial, upon final registration, while adult females, especially the champions, showed withers height above the considered ideal.

KEYWORDS: Morphometrics. Angulations. Equines.

1 INTRODUÇÃO

De acordo com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (2006)1 , a criação e a utilização do cavalo ocupam posição de destaque nos países desenvolvidos e em desenvolvimento. O Brasil, atualmente, possui o terceiro maior rebanho equino do mundo, com uma movimentação financeira de R$ 7,3 bilhões ao ano e geração de aproximadamente 640 mil empregos diretos e 2,6 milhões de empregos indiretos, desempenhando papel de grande importância social e econômica no cenário do agronegócio nacional.

A raça Mangalarga Marchador é responsável pelo maior e mais representativo rebanho do país, sendo o estado de Minas Gerais o que apresenta o maior número de animais e criadores1. Essa raça destaca-se por sua beleza, docilidade, qualidades zootécnicas e versatilidade, o que proporciona aos animais ótimo desempenho nas atividades em que são utilizados.

Os animais Mangalarga Marchador possuem porte médio (mediolíneos), estrutura forte e bem proporcionada, expressão vigorosa e sadia, temperamento dócil e ativo2. Tem como característica principal a marcha, andamento cômodo, de grande valor genético e mercadológico. Esse andamento resulta da coordenação neuromotora dos movimentos, do treinamento e, especialmente, de medidas morfométricas adequadas ao desempenho de suas funções3 .

Principalmente nos últimos dez anos, os animais dessa raça apresentaram uma tendência a evoluir para animais com características mais atléticas, adequando-se ao cavalo “tipo sela internacional”, com medidas lineares e angulares necessárias a essa função. Segundo Nascimento4 , com a crescente evolução, os equinos da raça Mangalarga Marchador apresentam atualmente formas esguias e bem esculpidas, com membros mais proporcionais e mais bem localizados em relação à massa corporal de modo a facilitar a morfomecânica.

Os métodos e critérios de seleção para avaliação utilizados na espécie equina são quase sempre subjetivos e baseados na experiência dos criadores5 . As raças nacionais estão ainda em formação e são controladas pelas Associações de Raça, que por falta de dados e orientação científica, baseiam-se no empirismo e tradicionalismo para definição e atualização dos padrões raciais e morfológicos de seus animais6.

Uma vez que a conformação dos equinos interfere diretamente na funcionalidade e no desempenho desses animais, avaliações morfométricas são essenciais para análises morfológica e zootécnica dessa espécie. As medidas lineares e angulares estão envolvidas com a dinâmica do andamento e devem ser avaliadas para melhor caracterização do padrão racial3,7,8. A mensuração é o método mais objetivo para avaliar qualidades das diversas regiões do corpo dos equinos, possibilitando a determinação de proporções lineares e angulares9.

Há poucos estudos para orientar produtores e técnicos quanto à avaliação funcional e seleção genética dos animais da raça Mangalarga Marchador. De acordo com Nascimento4 , existem poucas pesquisas utilizando animais do criatório brasileiro. Enquanto as atividades equestres crescem de forma surpreendente a cada ano, as pesquisas que envolvem a morfometria dos equinos ainda não acompanham o ritmo dessa evolução.

Considerando o exposto, que revela a importância das medidas morfométricas para o Mangalarga Marchador como raça equina em formação, pode-se inferir que a presente revisão de literatura propiciará informações relevantes aos criadores e profissionais da área relativamente à influência de determinadas regiões zootécnicas, além de medidas lineares e angulares na função atlética destes animais.

O objetivo desse artigo é levantar dados de mensurações zootécnicas existentes para animais da raça Mangalarga Marchador.

2 METODOLOGIA

Realizou-se um estudo descritivo do tipo revisão sistemática, a partir de documentos científicos como artigos publicados em periódicos nacionais e internacionais indexados, teses, dissertações, livros didáticos, revistas e anais de congressos, obtidos por meio de pesquisa via internet e na Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador.

3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 Histórico do Mangalarga Marchador

Cabrera10, Chieff i11, ABCCMM12 e Casiuch13 relatam como ibérica a ascendência dos cavalos da raça Mangalarga Marchador, com descendência direta da raça Alter (Puro Sangue Lusitano), vinda de Portugal com a família real. Esses autores citaram que Gabriel Francisco Junqueira, o Barão de Alfenas, abastado fazendeiro da região do Sul de Minas Gerais, com grande tradição na criação de bovinos e eqüinos, recebeu de presente do então príncipe regente D. João VI um animal dessa raça, o garanhão chamado “Sublime”. Esse garanhão foi acasalado com éguas nativas da região, denominadas “crioulas”, formando a base da raça Mangalarga Marchador. Essas éguas nativas, provavelmente, eram descendentes dos primeiros eqüinos trazidos da Península Ibérica no início da colonização, pertencentes às raças Bérbere, Sorraia e Garrano, além dos mestiços dessas raças com o próprio Alter.

Os animais provenientes desses cruzamentos apresentavam grande aptidão para sela, com um andamento denominado marcha, o qual oferecia grande conforto ao cavaleiro pela sua comodidade e seu bom temperamento14. O mesmo autor afirma que os animais marchadores foram supervalorizados pelos colonizadores da Província de Minas por serem animais dóceis, fortes, confortáveis, ágeis e capazes de percorrer longas distâncias, sendo procurados por todos que dependiam do cavalo como meio de transporte naquela época.

Conforme Camargo e Chieff i15, o Mangalarga Marchador se tornou a raça mais importante do Brasil, com andamento marchado, cômodo, imponente, distinta beleza zootécnica e docilidade. Em 1949, um grupo de criadores fundou a Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador - ABCCMM, com sede em Belo Horizonte, Minas Gerais e em 1950 foi definido o primeiro padrão racial13. Os animais dessa raça, atualmente, continuam conquistando admiradores em todo país e no exterior, alcançando expressiva expansão nacional e internacional7 .

3.2 Padrão da raça Mangalarga Marchador

Segundo Barbosa16, a estabilização de uma raça significa que ela se enquadra num padrão geral, em que a conformação é ideal para a finalidade a que se propõe. Nessas condições, regiões corporais do animal são analisadas isoladamente, cada uma sendo avaliada por sua função na dinâmica e harmonia do corpo animal como um todo.

De acordo com o Regulamento do Serviço de Registro Genealógico do Cavalo Mangalarga Marchador2 , é denominado Mangalarga Marchador todo eqüino nacional, de qualquer idade ou sexo, que tenha sido inscrito de forma definitiva no Serviço de Registro Genealógico dessa raça, onde se encontra descrito o padrão racial.

Conforme Pinto et al.5,8, a raça Mangalarga Marchador possui um padrão racial definido somente a partir de avaliações do exterior e as únicas medidas citadas são as de altura de cernelha dos animais. O padrão racial não cita outras medidas lineares ideais para a raça, enfatizando somente que os animais devem ser mediolíneos.

Conforme o padrão racial do Cavalo Mangalarga Marchador2 , a marcha é o andamento obrigatório, sendo a principal característica dos equinos dessa raça. Esse andamento marchado resulta da coordenação neuromotora dos movimentos, do treinamento e, principalmente, de medidas morfométricas adequadas5 .

3.3 Avaliação morfométrica dos equinos

3.3.1 Definição e importância

Bretas17 descreve morfometria como o estudo das mensurações das regiões do corpo dos animais, também conhecida como biometria. Desse modo, realiza-se mensurações de importantes segmentos ósseos dos cavalos, os quais servem como bases anatômicas da maioria das regiões zootécnicas5 .

Berbari Neto18, afirmara que a função a qual o cavalo se destina requer uma conformação apropriada que, por sua vez, definirá em grande parte seu padrão morfológico. De acordo com Val9, quando o cavalo possui harmonia entre suas partes e com o seu todo, apresentando características apropriadas aos fins a que se propõe, ele é considerado bem proporcionado, levando em consideração as proporções lineares e angulares. Portanto, além de ser bem proporcionado, o cavalo deve possuir ângulos apropriados à sua aptidão. Uma concordância entre os ângulos dos membros anteriores e posteriores é necessária para que o animal expresse harmonia corporal e para que seu andamento seja regular9 .

De acordo com Hillenbrand19, a estrutura esquelética ou conformação do indivíduo, de acordo com a posição das articulações e seus ângulos, associados aos músculos, ligamentos, tendões e tecidos colágenos determinam a força de alavanca do membro, a linha de movimento e o comprimento do passo. Os ângulos articulares influenciam vários aspectos do passo, como a colocação do casco no solo, o tempo de suspensão e a linha descrita pelos membros durante os movimentos. O comprimento, o tamanho e as características anatômicas dos ossos também agem sobre o tipo de deslocamento efetuado pelo cavalo.

Nascimento4 também afirmou que a morfologia do corpo do cavalo tem muita importância na execução e na qualidade dos movimentos. Lage6 , ao avaliar a qualidade da marcha de animais adultos da raça Mangalarga Marchador, segundo sua morfometria, seus aprumos e seu padrão de deslocamento, observou que as medidas corporais e as angulações ósseas dos membros do cavalo estão intimamente relacionadas ao tipo e à qualidade de seu andamento. Rezende Júnior20 e Medeiros14 enfatizaram que o tamanho e a forma das regiões zootécnicas de um cavalo estão intimamente ligados ao exercício de sua função.

Dados coletados a partir das mensurações servem para avaliações biométricas, confecção de resenhas, ficha de identificação gráfica, avaliação de características raciais e julgamento de aptidões4 , além de favorecer o estudo das regiões do corpo, verificação dos caracteres étnicos, avaliações do peso, verificação do crescimento e estudo das proporções lineares9 . Segundo Sierra et al.21, a valorização morfológica tem grande importância em programas de melhoramento genético de eqüinos, devido à relação funcional com o desempenho dos animais.

3.3.2. Métodos de avaliação da conformação

Camargo e Chieffi15 definem que o método chamado de “golpe de vista” é empírico e as mensurações zootécnicas permitem melhor apreciação dos animais domésticos, baseado em formas e proporções, não deixando, entretanto, de considerar também a importância do “olho zootécnico”.

Val9 afirma que a mensuração é o método mais objetivo para apreciação de qualidades e defeitos de diversas regiões do corpo e do conjunto de um animal. Mota22 ressalta que há duas maneiras para avaliar a conformação do cavalo: a subjetiva, que emprega tabelas de pontuação e a objetiva ou biométrica, onde são mensuradas as diversas partes anatômicas dos animais, sendo esse último um método seguro, permitindo determinar proporções entre as partes do corpo e indicar a melhor função a que este animal se enquadra. Conforme Nascimento4 , as medidas lineares têm utilidade zootécnica e precisam ser tomadas com precisão e uniformidade metodológica.

3.4 Avaliações morfométricas de equinos da raça Mangalarga Marchador

3.4.1 Alturas

A altura de cernelha considerada ideal para machos da raça Mangalarga Marchador é de 1,52 metros, admitindo-se alturas entre 1,47 e 1,57 metros para obtenção do registro definitivo2. Para fêmeas, a altura ideal de cernelha é de 1,46 metros, admitindo-se alturas entre 1,40 e 1,54 metros. Essas medidas são as únicas citadas no atual padrão da raça.

Ao compararmos as alturas de cernelha descritas no padrão da raça atual2 com o primeiro padrão racial, aprovado em 24 de outubro de 1950, verifica-se um aumento de dois centímetros em relação às alturas ideais de cernelha, tanto para machos quanto para fêmeas, as quais eram 1,50 e 1,44 metros, respectivamente. Em 1950, a mínima para machos era de 1,46 metros e para fêmeas de 1,38 metros. Não havia valores estabelecidos para alturas máximas de cernelha no primeiro padrão da raça13.

Jordão e Camargo23 determinaram as medidas lineares de equinos da raça Mangalarga, pertencentes à Coudelaria Paulista, entre os anos de 1937 e 1949, encontrando alturas de cernelha de 1,49 e 1,46 metros para machos e fêmeas, respectivamente. Em estudo realizado por Zamborlini24, utilizando animais da raça Mangalarga Marchador, registrados no período de 1989 a 1993, foram observados valores de 1,50 e 1,46 metros para altura de cernelha de machos e fêmeas, respectivamente. Os valores para machos foram confirmados por Rezende Júnior20, analisando os dados de 11621 garanhões da raça, registrados entre os anos 1984 e 2004, os quais apresentaram altura média de cernelha de 1,50 metros no momento do registro definitivo. Esse mesmo autor salientou que as alturas encontradas para machos abaixo da considerada ideal podem estar relacionadas à idade em que os animais foram registrados, uma vez que os equinos da raça Mangalarga Marchador são apresentados para o registro definitivo com idade mínima de 36 meses. De acordo com Jordão e Camargo23, o crescimento em cavalos ocorre até os 60 meses de idade.

Barbosa16 já havia observado altura de cernelha para machos não campeões de 1,50 metros, registrados entre os anos de 1988 e 1992. Entretanto, ao analisar medidas de machos campeões, no mesmo período, constatou altura de cernelha de 1,51 metros para esses animais. Medeiros14 encontrou esses mesmos valores, 1,51 e 1,50 metros, quando comparou a altura de cernelha de machos da raça Mangalarga Marchador campeões e não campeões, registrados de 2000 a 2005, atribuindo essa diferença a melhores condições de manejo a que os animais premiados são normalmente mantidos. No trabalho de Barbosa16, essa diferença de altura de cernelha entre animais não campeões e campeões também já haviam sido observados nas fêmeas, que apresentaram valores de 1,46 e 1,48 metros, respectivamente. Pinto25 mensurou 25 éguas campeãs da raça Mangalarga Marchador, acima de 60 meses de idade, encontrando altura média de cernelha de 149,48 centímetros. Cabral et al. 7 observaram alturas de cernelha de 151,50 centímetros para machos adultos e de 151,60 centímetros para fêmeas adultas da raça.

Lage6, após mensurar 173 animais da raça Mangalarga Marchador, de ambos os sexos, sendo que 82% desses animais eram fêmeas, encontrou altura de cernelha média total de 148,95 centímetros.

Para altura de garupa, os valores encontrados foram de 1,49 e 1,50 metros para machos não campeões e campeões, respectivamente, e de 1,46 e 1,47 metros para fêmeas não campeãs e campeãs, no período de 1988 a 199216, de 1,49 e 1,46 metros para machos e fêmeas, respectivamente, entre 1989 e 199324, de 150,1 e 150,1 centímetros para machos e fêmeas, de 2000 a 20027 e de 148,04 centímetros para éguas campeãs da raça em 200725. Lage6 havia encontrado média geral para machos e fêmeas de 147,68 centímetros.

3.4.2 Comprimentos

As medidas de comprimento das demais regiões zootécnicas encontradas para a raça Mangalarga Marchador estão relacionadas nas tabelas abaixo:

TABELA 01: MEDIDAS DE COMPRIMENTO (CM) DAS REGIÕES ZOOTÉCNICAS DE MACHOS ADULTOS DA RAÇA MANGALARGA MARCHADOR.

Autor Ccor Cab Pesc Dlom Gar Esp
Jordão e Camargo (1950) 147          
Barbosa (1993) - não campeões 151,4 58 62,3 51,7 52 54
Barbosa (1993) - campeões 152,6 58,1 62,7 52,1 52,6 54,7
Nascimento (1999) 157,6         40
Lage (2001) 151,8       54,6 60
Cabral et al. (2004a) 152         54,1
Rezende Júnior (2005) 153          
Medeiros (2006) - não campeões   57,7 66,9      
Medeiros (2006) - campeões            

CCor = comprimento corporal; Cab = comprimento de cabeça; Pesc = comprimento de pescoço; Dlom = comprimento de dorso-lombo; Gar = comprimento de garupa; Esp = comprimento de espádua.

TABELA 02: MEDIDAS DE COMPRIMENTO (CM) DAS REGIÕES ZOOTÉCNICAS DE FÊMEAS ADULTAS DA RAÇA MANGALARGA MARCHADOR

Autor Ccor Cab Pesc Dlom Gar Esp
Jordão e Camargo (1950) 147          
Barbosa (1993) - não campeões 148 57,1 60,3 52,6 50,7 51,9
Barbosa (1993) - campeões 151,2 57 61,4 53,4 52,7 53,2
Nascimento (1999)           40
Lage (2001)         54 60
Cabral et al. (2004a) 149,4 56,7 63,3 47 52,8 50,8
Pinto (2007) - campeãs 155,3 59 61,6 51,1 52,6 54,6

CCor = comprimento corporal; Cab = comprimento de cabeça; Pesc = comprimento de pescoço; Dlom = comprimento de dorso-lombo; Gar = comprimento de garupa; Esp = comprimento de espádua.

3.4.3 Perímetros

As medidas de perímetros das regiões zootécnicas, realizadas comumente na raça Mangalarga Marchador, estão relacionadas na tabela abaixo:

TABELA 03: MEDIDAS DAS ANGULAÇÕES DOS MEMBROS (º) DE MACHOS ADULTOS DA RAÇA MANGALARGA MARCHADOR.

Autor Machos PTor Machos CAnt Fêmeas PTor Fêmeas CAnt
Jordão e Camargo (1950) 167 19 166 18
Barbosa (1993) - não campeões (ãs) 171,4 18,5 171,9 17,7
Barbosa (1993) - campeões (ãs) 176 18,1 176 17,9
Zamborlini (1996) 174 18 172 17
Lage (2001) 177   177 17
Cabral et al. (2004a) 180,8 19 175,7 19
Rezende Júnior (2005) 174,4      
Medeiros (2006) - não campeões 173      
Medeiros (2006) - campeões 175      
Pinto (2007) - campeãs     179,6 18,9

PTor = perímetro torácico; CAnt = perímetro de canela anterior.

3.4.4 Angulações

Os dados referentes às angulações de membros da raça Mangalarga Marchador estão listados na tabela a seguir:

TABELA 04: MEDIDAS DAS ANGULAÇÕES DOS MEMBROS (º) DE MACHOS ADULTOS DA RAÇA MANGALARGA MARCHADOR.

Autor Espád-Sol Escáp-Um Um-Rad Metac-Falang Metat-Falang
Camargo e Chieffi (1971) 50   90 135 135
Lazzeri (1992)   108 108 145 154
Nascimento (1999) 55 88,1 130,7 145 153,1
Lage (2001) 62,4 99,3 122,1 143,6 148,2
Cabral et al. (2004b) 66,8        

Espád-Sol = ângulo entre a espádua e a horizontal; Escáp-Um = ângulo escápulo-umeral; Um-Rad = ângulo úmero-radial; Metac-Falang = ângulo metacarpo-falangeano; Metat-Falang = ângulo metatarso-falangeano.

TABELA 05: MEDIDAS DAS ANGULAÇÕES DOS MEMBROS (º) DE FÊMEAS ADULTAS DAS RAÇAS MANGALARGA MARCHADOR.

Autor Espád-Sol Escáp-Um Um-Rad Metac-Falang Metat-Falang
Camargo e Chieffi (1971) 50   90 135 135
Lazzeri (1992)   108 108 145 154
Nascimento (1999) 55 88,1 130,7 145 153,1
Lage (2001) 62,4 99,3 122,8 138,3 144,2
Cabral et al. (2004b) 66,8 97,4 122,8 138,3 144,2
Pinto (2007) 58,1 98,4 138,3 138,3  

Espád-Sol = ângulo entre a espádua e a horizontal; Escáp-Um = ângulo escápulo-umeral; Um-Rad = ângulo úmero-radial; Metac-Falang = ângulo metacarpo-falangeano; Metat-Falang = ângulo metatarso-falangeano.

De acordo com Naves26, deve-se observar também os ângulos formados entre o eixo do pescoço e o solo e o do eixo do pescoço com o da cabeça, os quais devem ser de 45º e 90º, respectivamente, a fim de facilitar a movimentação do animal e favorecer a aplicação das técnicas de equitação.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os eqüinos da raça Mangalarga Marchador apresentaram uma tendência ao aumento de algumas medidas lineares ao longo de sua evolução, principalmente de altura de cernelha e garupa, comprimento corporal e comprimento de garupa.

Os machos da raça apresentaram altura de cernelha abaixo da considerada ideal pelo padrão racial, no momento do registro definitivo, enquanto as fêmeas adultas, principalmente as campeãs, apresentaram altura de cernelha acima da considerada ideal.

As maiores variações de medidas foram observadas nas angulações dos membros.

As medidas estabelecidas e exigidas pelo padrão racial do Mangalarga Marchador (altura de cernelha) foram confirmadas em todos os estudos com animais, machos e fêmeas, da raça.

REFERÊNCIAS

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8. Pinto LFB, Almeida FQ, Quirino CR, Cabral GC, Azevedo PCN, Santos EM. Análise multivariada das medidas morfométricas de potros da raça Mangalarga Marchador: análise discriminante. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 34, n. 2, p. 600-612, 2005b.

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Páginas da matéria
Raça Marchador Edição 11

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