Uma ascensão meteórica com base em muito trabalho, dedicação, aprimoramento genético e, claro, uma dose certa de sorte. Assim podemos definir a trajetória do Haras da Pil, de Sete Lagoas, Minas Gerais. Os primeiros cavalos na fazenda dos irmãos Roberto e Ana Paula Corrêa eram destinados à cavalgada e para a lida diária na fazenda.
Em 2015, por influência de um amigo, veio a vontade de direcionar os cruzamentos e ter no Haras animais com a identidade pretendida por eles. “Começamos a buscar as doadoras pra direcionar os acasalamentos e ter os animais com o nosso sufixo e a identidade que a gente desejava,” explica Roberto.
Segundo ele, a estruturação do Haras começou em 2015 e, em menos de um ano, as doadoras já estavam na fazenda para o início da transferência de embriões.
Marco na história do Haras
De acordo com Roberto Corrêa, o ano de 2017 foi emblemático para o Haras da Pil, além do vínculo de amizade com o criador Yuri Engler, foi no Leilão Yuri, daquele ano que foram adquiridas as suas duas primeiras potras, Batucada do Yuri e Holanda do Piabanha, além da Res. Campeã Nacional Olinda do Barão de Cocais que é das estrelas do haras.
Além delas, outras aquisições marcantes para o criatório, foram 50% da Habilidade Muralha de Pedra e de Globeleza Maré Mansa. “Nós ficamos apaixonados pela Globeleza que tem uma qualidade de andamento e reprodução que nos deixou encantados, tanto que conseguimos adquirir depois os outros 50% e agora ela é 100% de nossa propriedade e não sai mais da fazenda.”
Além de buscar animais de qualidade reconhecida, os bons ventos sopraram a favor dos criadores. Roberto Corrêa revela que tanto Batucada do Yuri e Holanda do Piabanha, as primeiras potras ao chegarem ao Haras demonstrando potencial extraordinário na reprodução. “Temos duas gerações de filhos delas e se demostraram excepcionais, ganharam títulos conosco, e também continuaram ganhando com nossos sócios.”
Garanhões demoraram a chegar
Apesar da ótima evolução do trabalho com as doadoras, a introdução dos garanhões no criatório foi mais lenta. Roberto conta que primeiro foi feita uma seleção fora, buscando os melhores reprodutores, as melhores linhagens de sangue, que estavam obtendo grandes resultados em pista.
Mas inserir os garanhões no plantel do Haras da Pil foi inevitável. “Chegou uma hora em que a gente precisava porque a demanda por sêmen externo era muito grande e estava complicando muito o trabalho da fazenda, então acabamos buscando alguns cavalos, até pra satisfazer um desejo de ter garanhões em pista.”
O primeiro cavalo a chegar ao Haras foi Empório Morro do Sol Nascente, cuja genética era conhecida pelos criadores que já tinha uma irmã própria dele no plantel. “Começamos a fazer pista com um desempenho fantástico, em 2018, inclusive com o primeiro prêmio no CBM, em Brasília.”
Por meio de uma indicação, o Haras da Pil abriu as portas para o garanhão Herdeiro do Refúgio. Segundo Roberto Corrêa, levar Herdeiro para a fazenda foi um trabalho de persuasão. “Conseguimos, com muito esforço, convencer o Júlio do Haras Refúgio, hoje um grande amigo, a trazer o Herdeiro para casa e prepara-lo para a Nacional, em um período curto.”
Roberto ressalta que encontrar um bom garanhão para o plantel é uma missão árdua para todo criador. “Conseguir ter uma boa égua é difícil, mas a maior dificuldade de um criador é encontrar um bom cavalo. Não era vontade nossa, mas deu certo e conseguimos resultados espetaculares tanto em pista quanto na reprodução.”
Sucesso na Nacional 2019
O contato com a fazenda dos irmãos Corrêa é antigo. O pai era um apaixonado por gado de leite e Roberto lembra que sempre frequentava a Gameleira, mas de olho nos campeonatos dos cavalos. “Criar cavalo é um prazer enorme proporcional ao trabalho. Se você quiser ter muito prazer, tem que trabalhar muito.”
Para quem sempre esteve no Parque, o sonho, claro, era um dia subir a rampa mais cobiçada do país. E a Exposição Nacional do Mangalarga Marchador de 2019 vai ficar na história. Dos oito animais levados para a Gameleira, cinco subiram a rampa e se tornaram campeões. “Na primeira semana, os quatro cavalos que levamos foram premiados e ficava aquela apreensão para as éguas e, graças a Deus, duas subiram a rampa.”
Resultados que colocaram o Haras da Pil entre os quatro melhores do Brasil com até cinco anos de criação. “A Nacional 2019 vai ser lembrada pra sempre, vai ficar na história do Haras, um marco para o Haras da Pil porque ninguém imaginava que conseguiríamos chegar a esse nível de excelência tão rápido,” comemora Roberto.
Sintonia que gera resultados
Na avaliação de Roberto Corrêa, atingir o sucesso na criação é resultado de uma soma de fatores. Segundo ele, não adianta o feeling do criador ou um animal excepcional, se não houver uma equipe comprometida no dia-a-dia da fazenda. “Você vê a dedicação de cada um, desde quem limpa a baia, trata, ferra e limpa os animais, até a sutileza do motorista ao conduzir o caminhão para não deixar dar tranco e o animal chegar íntegro na competição.”
O criador compara o processo a um grande quebra-cabeça em que se faltar uma peça a não se consegue obter sucesso e chegar a uma posição de destaque como foi o caso da Exposição Nacional 2019. Roberto destaca o trabalho de toda a equipe do Haras da Pil, comandada com maestria pelo amigo Lucas Luxúria, um apaixonado por cavalo, que ele prefere não chamar de gerente.
Segundo ele, Lucas é um amigo, uma pessoa de confiança que tem ajudado bastante transferindo conhecimento e também aprendendo porque a lida com cavalo traz ensinamentos diários. “É uma pessoa comprometida de confiança e que ajuda diariamente em detalhes mínimos. Até pra dizer que não é pra levar um animal em pista que a gente tá entusiasmado, pra poder levar na hora certa, porque o ideal é levar na hora certa e fazer uma apresentação boa sempre,” enfatiza.