O CUIDADO COM A SAÚDE DAS ESTRELAS DURANTE A EXPOSIÇÃO NACIONAL | REVISTA RAÇA MARCHADOR

O CUIDADO COM A SAÚDE DAS ESTRELAS DURANTE A EXPOSIÇÃO NACIONAL

VETERINÁRIA

O CUIDADO COM A SAÚDE DAS ESTRELAS DURANTE A EXPOSIÇÃO NACIONAL

O CUIDADO COM A SAÚDE DAS ESTRELAS DURANTE A EXPOSIÇÃO NACIONAL

Dizer que a Exposição Nacional é a Copa do Mundo do Mangalarga Marchador é chover no molhado. Que subir a rampa da Nacional é a expressão máxima da glória para criadores, expositores e apresentadores disso também ninguém tem dúvidas. Mas o que pouca gente sabe é que o caminho foi longo para que a Exposição alcançasse o nível de excelência que tem hoje, tornando-se a maior festa de equinos da América Latina. O médico veterinário Dr.Cleyton Eustáquio Braga, professor aposentado da UFMG e, atualmente professor do Curso de Medicina Veterinária da Faculdade Arnaldo, é o Responsável Técnico pela Exposição Nacional desde a primeira edição em 1982. “O parque parecia uma cidade do interior.” O professor recorda que havia uma praça (próximo a pista do parque) que foi batizada de ‘Praça do Enjeitei’, onde os criadores falavam de negócios e vários afirmavam a recusa de propostas tentadoras pelos animais. Professor Cleyton recorda ainda, que no início das Exposições Nacionais o transporte era muito precário e deficiente o que provocava contusões nos animais no caminhão ou no desembarque de 30 a 40% dos animais que chegavam ao Parque. Outro ponto preocupante, nos primórdios da Nacional, era a alimentação. “Os animais comiam capim picado durante todos os dias da Exposição e a gente atendia de 3 a 4 animais com cólicas por dia.”
O médico veterinário ressalta que ao longo dos anos, o capim foi trocado pelo feno, cada vez de melhor qualidade, e que no ano passado durante os 12 dias de exposição com quase 2 mil animais, apenas 3 casos de cólicas foram atendidos.
IMPORTÂNCIA DA NACIONAL PARA A SELEÇÃO DA RAÇA
Há quarenta anos trabalhando como responsável técnico no Parque de Exposições da Gameleira, o professor Cleyton Braga destaca que a Nacional foi primordial para  o aperfeiçoamento e seleção do Mangalarga Marchador. “Através dos julgamentos, os criadores passaram a se preocupar com a evolução dos animais.” Ele conta que junto com o professor Biondini, além dos atendimentos clínicos, havia a orientação aos criadores com relação ao manejo tanto na Exposição quanto na fazenda. “A gente alertava para a importância da presença de um veterinário na fazenda o que era raro antigamente.” “Através dos julgamentos, os criadores passaram a se preocupar com a evolução dos animais.”
O TRATAMENTO DAS ESTRELAS
Quatro dias antes do início da Exposição Nacional, o professor Cleyton, outros dois veterinários e aproximadamente 100 estagiários já se alternam em plantões de quatro turnos para atender os animais que brilham nas pistas da Gameleira. Segundo o professor, os plantões noturnos implantados a partir de 2017 além de agilizar o atendimento evitam que caminhões fiquem parados por longos trechos da Avenida Amazonas, principal acesso ao Parque da Gameleira. “Todos os animais são examinados e são conferidos os documentos necessários para a entrada e permanência no parque, durante a Nacional,” explica o professor.
“TODOS OS ANIMAIS SÃO EXAMINADOS”
Entre esses documentos estão a Guia de Transporte Animal (GTA), atestado negativo de Anemia Infecciosa Equina (AIE), atestado de saúde e vacina contra a Influenza Equina, a chamada gripe equina, emitidos por veterinário. Também são feitos exames clínicos de cada animal para verificar a saúde geral, as condições físicas e alterações que possam comprometer o desempenho durante o evento. O professor Cleyton destaca que no galpão da clínica veterinária no Parque existe a possibilidade de examinar animais com alterações, como cólicas, exames laboratoriais, raio X e pequenas cirurgias. “Os casos de cirurgia mais complexos, como abdominais, cesariana ou qualquer outra lesão mais grave são encaminhados a centros cirúrgicos.”
IMPORTÂNCIA DO ANTIDOPING
Como responsável técnico pela Nacional, o professor Cleyton pontua que um grande avanço em todos esses anos foi a introdução do exame antidoping. Realizado há 15 anos nos campeões e reservados campeões. Antes da implantação do antidoping era comum a prática de se aplicar medicamentos nos animais, como forma de melhorar a performance e assim aumentar as chances de êxito durante a Exposição. O professor brinca que “antigamente, enchiam-se caçambas de remédios no parque.” Segundo o professor, o antidoping concede credibilidade à exposição e evitam que medicamentos que alteram a performance e podem levar a lesões futuras. “O antidoping dá condições de se premiar o verdadeiro campeão e dá credibilidade ao evento.”
“O ANTIDOPING DÁ CONDIÇÕES DE SE PREMIAR O VERDADEIRO CAMPEÃO.”
O material para o exame é a urina do campeão e reservado de cada categoria, colhida logo após o julgamento pelos veterinários do Jóquei Clube de São Paulo para onde são enviadas prova e contraprova. “Os só podem ser medicados na clínica do Parque, pelo veterinário responsável pela exposição, em casos de adoecerem durante a viagem ou em uma ocorrência dentro do parque,” ressalta.
CONSCIENTIZAÇÃO DOS CRIADORES
Muito do patamar de excelência atingido pela Exposição Nacional deve-se ao fato de os criadores estarem mais conscientes e buscando o desenvolvimento sem deixar de lado o bem estar do animal. “Hoje o criador está mais consciente,” constata o professor Cleyton. Ainda assim, o professor alerta para práticas e artifícios condenáveis que ainda não desapareceram. Entre eles o bloqueio para que o animal não levante a cauda durante o concurso de marcha e o bloqueio de nervos para fins de que o animal siga na competição mesmo sentindo dores. “Alguns ainda apelam para essas práticas condenáveis, mas felizmente são minoria atualmente dentro da raça.”
 

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Raça Marchador Edição 2

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